Como não deixar a peteca cair

Trabalho em uma rua próxima à Faria Lima. Uma agência de publicidade que existe há 14 anos na mesma casa, mesmo número, mesma cara de sempre. Virou tradição. Os funcionários mais antigos não conseguem se imaginar longe da região, afinal, temos tudo por perto: bons restaurantes, lanchonetes, lugares caros, baratos, academias, fácil acesso a transporte. Porém, no início deste ano, em meio à escassez de projetos e ritmo lento devido à “crise”, fomos informados que todas as casas da rua serão demolidas para a construção de um grande prédio empresarial. Outro prédio? Na Faria Lima? Não consigo imaginar se caberão mais carros...
 
Os três sócios donos da agência, então, iniciam as buscas pelo imóvel perfeito: não pode ser muito caro. Também não pode ser longe da Faria Lima, pois todos amam esta região. Também não pode estar em mau-estado. Mas tem que ter pelo menos 3 vagas na garagem. Ah, e que tem que ser uma casa também... prédio ninguém quer porque o ambiente fica muito “frio”. Seria perfeito se tivesse uma fonte de Toddynho no quintal e uma porta feita de Diamante Negro...
 
E assim, um problema aparentemente simples acabou se tornando uma missão mais que impossível para todos: a busca pela casa perfeita. Era preciso um local que tivesse a cara da empresa, garantindo o tão comentado clima motivacional: os funcionários já estavam apegados ao antigo local... Mais que uma casa, procurava-se um lar para os 14 anos de empresa, um local onde todos pudessem criar e trabalhar com motivação, ânimo e orgulho. Esta era a missão impossível. Stress gerado.
 
Impressionante, mas foi então neste momento de susto e de entraves que os adjetivos se revelaram: o sócio que era intolerante e teimoso, abriu mão de seu querer e passou a pensar sob o ponto de vista do outro. A que era criativa ao extremo, foi capaz de pensar de forma objetiva. E o que era flexível demais, conseguiu “amarrar” os outros dois com firmeza, e juntos chegaram a um consenso fundamental e extremamente genuíno: não existe casa perfeita. Mas sim a casa que tenha um equilíbrio entre as prioridades traçadas por cada um.
 
A busca então foi retomada, agora com outros olhos: olhos compartilhados... e a casa perfeita foi encontrada: é encantadora. Parece ter a nossa cara, com um jardim na frente muito bem cuidado, excelente tamanho, e talvez alguma reforma seja necessária para retocar alguns estragos causados pelo tempo. Mas tem o que procurávamos: um pouco do querer de cada um. Mais do que isso, a busca pela casa significou a quebra de paradigmas dos três carros-chefe da empresa, que conseguiram entrar em um consenso sobre o que era melhor para a empresa e seus funcionários.
 
A luta foi grande. As dores de cabeça maiores ainda. Mas quem falou que seria fácil? Afinal, como disse uma vez o pastor Peter Marshall: “Enquanto suspiramos por uma vida sem dificuldades, devemos nos lembrar que o carvalho cresce forte através de ventos contrários e que os diamantes são formados sob pressão”.
 
Concordo. E que venham ainda muitos ventos para todos nós. Assim, poderemos mostrar nossa imensa capacidade de não deixar a peteca cair quando confrontados com adversidades.
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